A publicação do Atlas de Reprodução, Humana, da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (HBRH), resultou do estímulo e do trabalho conjunto de 103 autores de 32 serviços de reprodução assistida, representando mais de sete estados da Federação e participação especial dos EUA, França e Bélgica.
Esta obra possui 33 capítulos recheados de 403 ilustrações em 243 paginas, e procura preencher uma lacuna na reprodução assistida moderna brasileira. Elaborado de maneira clara e concisa com inúmeras fotos e ilustrações, contém as informações necessárias para os embriologistas, biólogos, biomédicos e médicos ginecologistas e urologistas que atuam em laboratórios de reprodução assistida, passando, dessa forma, a ser fonte fundamental de conhecimento para esses profissionais.
O Atlas foi elaborado para quem está iniciando na reprodução humana. Contém capítulos básicos sobre construção e controle de qualidade de um laboratório moderno de reprodução assistida, passa pela fisiologia e pelo diagnóstico dos gametas feminino e masculino, ilustrando na sua totalidade as técnicas avançadas de reprodução assistida. Além disso, contou com a participação especial do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nos aspectos éticos, jurídicos e da legislação do ano de 2012. O nascimento de Louise Brown, em julho de 1978, é o grande marco da era moderna de reprodução assistida, que contabiliza mais de 5 milhões de nascimentos no mundo inteiro. O Brasil tem papel importante nesse contexto, com mais de 200 clínicas de fertilização presentes em todos os estados do território nacional, responsáveis por 25 as 30 mil ciclos por ano, totalizando cerca de 50% das fertilizações da América Latina. A SBRH, fundada em dezembro de 1947, cumpre sua missão de organizar e difundir eticamente os conhecimentos da reprodução assistida, de forma prática didática e inédita, por meio deste Atlas. Trata-se de mais uma conquista da SBRH, oferecendo aos seus associados este primeiro Atlas nacional, que irá contribuir na formação e no aprimoramento das técnicas de reprodução assistida moderna.
A todos agradeço pela indispensável colaboração e pelo árduo trabalho, que tornaram possível a realização da presente obra.
Artur Dzik – Presidente da SBRH 2010-2012
Extraordinários avanços foram alcançados no campo da infertilidade masculina nas últimas décadas. Na ciência básica, o desenvolvimento de novas ferramentas para a avaliação da cinética espermática, in vivo, possibilitou remodelar o conceito da duração da espermatogênese. No passado recente, acreditava-se que seriam necessários 90 dias para que um ciclo de espermatogênese fosse concluído; atualmente, sabemos que este período é inferior, ou seja, cerca de 60-70 dias para que novos espermatozoides apareçam na ejaculação. Informações como esta são importantes do ponto de vista clínico, pois ditam o seguimento clínico de homens submetidos a tratamentos clínicos e cirúrgicos. No campo diagnóstico, novos testes utilizando biologia molecular e ensaios que avaliam a integridade de cromatina do espermatozoide foram incorporados na prática clínica. Testes como a pesquisa de microdeleções no cromossomo Y e a avaliação da fragmentação do DNA espermático permitem diagnosticar corretamente homens que antes eram considerados como portadores de infertilidade idiopática. Além disso, tais testes possibilitam planejar mais efetivamente a estratégia terapêutica. Por exemplo, a presença de microdeleções no cromossomos Y tem impacto nas chances de extrair espermatozoides testiculares nos portadores de azoospermia não-obstrutiva, ao passo que taxas elevadas de fragmentação do DNA espermático impactam negativamente as chances de concepção natural e assistida. No campo do tratamento, as técnicas microcirúrgicas foram modernizadas, elevando as taxas de sucesso nos procedimentos para a reconstrução do trato reprodutivo e extração de espermatozoides para concepção assistida. Do ponto de vista epidemiológico, evidências recentes sugerem que o estilo de vida e condições ambientais são de extrema importância na modulação do potencial reprodutivo masculino. Este comentário destaca apenas alguns aspectos masculinos dentro de um universo dinâmico e em constante evolução na área de andrologia. Desta forma, é oportuna e louvável a iniciativa da SBRH em ceder espaço tal importante no inédito “Atlas de Reprodução Humana” para o campo da Andrologia. Os capítulos envolvendo aspectos masculinos abordam os conceitos atuais de fisiologia, o espermograma já enfatizando as mudanças propostas pelo novo manual da Organização Mundial da Saúde de 2010, as provas de função espermática, o processamento e a criopreservação de espermatozoides, além das técnicas para extração de espermatozoides de homens azoospérmicos e o manejo laboratorial destes gametas. Esperamos que os membros da nossa sociedade beneficiem-se ao máximo desta obra que será certamente um marco na literatura nacional.
A fertilização in Vitro, com um pouco mais de três décadas de existência, vem evoluindo rapidamente, aumentando notoriamente suas taxas de sucesso. O aprimoramento dos equipamentos laboratoriais, como as incubadoras tri-gás; a adequação do LASER, para aplicação laboratorial; o desenvolvimento da técnica de microarray (acgh), a avaliação do metaboloma e proteoma dos embriões; a redescoberta da aplicabilidade da vitrificação visando preservação da fertilidade, permitiu superarmos barreiras antes intransponíveis pelas formas clássicas de tratamento, possibilitando assim tratarmos um número maior de casais inférteis. Este rápido desenvolvimento trouxe aos profissionais da área uma necessidade constante de atualização, que nem sempre e fácil somente por meio de textos, pelas técnicas envolverem “handlings” laboratoriais, e variações subjetivas, como por exemplo, a classificação da qualidade morfológica embrionária. Por este motivo, a SBRH, oferece a todos o primeiro Atlas de Reprodução Assistida nacional, onde as mais modernas técnicas são apresentadas por meio de ilustrações excepcionais, facilitando assim o nosso “update”.